Como funciona a cirurgia bariátrica pelo plano de saúde é uma dúvida bastante comum. O procedimento que também é conhecido como redução de estômago, coloca o Brasil no segundo lugar do ranking, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.
De acordo com os dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, em 2019 foram realizados 68.530 procedimentos, 7% a mais do que em 2018.
A quantidade de cirurgias realizadas no período representa apenas 0,5% da população de portadores de obesidade grave, que atinge 13,6 milhões de indivíduos, com indicação de tratamento cirúrgico.
O que é cirurgia bariátrica?
A cirurgia bariátrica é um procedimento indicado para tratar casos de obesidade grave ou mórbida.
Ela reúne técnicas com respaldo científico para tratar de doenças associadas ao excesso de gordura corporal ou agravadas por ele.
O procedimento ficou conhecido como redução do estômago porque muda a forma original do órgão e reduz sua capacidade de receber alimentos. Dessa forma, dificulta a absorção de um número exagerado de calorias.
Nesse sentido, uma pessoa não operada tem espaço para consumir aproximadamente de 1 litro a 1,5 litro de alimentos. Já um estômago pós-bariátrica tem capacidade para 25 ml a 200 ml (equivalente a um copo americano).
A cirurgia também afeta a produção do hormônio da saciedade, o GLP-1, o que diminui a vontade de comer. Dessa forma, a redução da capacidade é a principal responsável pelo emagrecimento.
Tipos de cirurgia bariátrica
Existem três tipos básicos de cirurgias bariátricas: restritivas, mistas e disabsortivas.
As cirurgias que diminuem o tamanho do estômago são as do tipo restritivo. A perda de peso se faz pela redução da ingestão de alimentos.
As cirurgias disabsortivas alteram pouco o tamanho e a capacidade do estômago em receber alimentos. Porém, alteram drasticamente a absorção dos alimentos em relação ao intestino delgado.
Existem também as cirurgias mistas, nas quais há a redução do tamanho do estômago e um desvio do trânsito intestinal. Dessa maneira, além da redução da ingestão, existe a diminuição da absorção dos alimentos.
Em relação às técnicas utilizadas, elas podem ser de quatro tipos: banda gástrica, bypass gástrico, gastrectomia vertical e derivação biliopancreática.
Banda Gástrica
Nesta técnica, é colocado um anel de silicone inflável, na parte superior do estômago que limita a passagem de comida. Por meio de um dispositivo embaixo da pele, o médico ajusta o anel.
Normalmente, este tipo de cirurgia apresenta menos riscos para a saúde e tem um tempo de recuperação mais rápido.
A perda de peso é estimada em 25%, porém possui taxas de recuperação de peso altas.
Bypass Gástrico
Na cirurgia bariátrica bypass o estômago é reduzido com cortes ou grampos e é feita uma alteração no intestino para reconectá-lo à parte do estômago que irá permanecer funcional.
A comida entra pelo segmento menor, onde cabem 50 mililitros (um copinho de café). A perda de peso pode chegar até 40%. Por ser uma cirurgia invasiva, ela apresenta mais riscos e uma recuperação mais lenta.
No Brasil, o método de bypass é realizado em 70% das cirurgias, sendo muito comum a realização dessa cirurgia bariátrica pelo SUS.
Gastrectomia Vertical Sleeve
Na cirurgia bariátrica sleeve retira-se dois terços do estômago, que se torna fino e alongado, sem alterar o intestino.
A parte desprezada produz a grelina, que abre o apetite. A pessoa fica sem fome até o hormônio ser fabricado em outro local.
Normalmente é recomendada para pacientes que apresentem um quadro menos grave de obesidade. A perda de peso, em média, é de 25%.
Derivação Biliopancreática ou Duodenal Switch
Mais agressiva, subtrai dois terços do estômago e faz um desvio extenso. Indicada para grandes obesos. Melhora o diabetes, mas pode causar danos nutricionais.
A perda de peso pode ser de até 45%.
Procedimento Endoscópico
Mais atualmente, porém ainda em protocolo de estudo, também é possível fazer a cirurgia bariátrica por procedimento endoscópico. A técnica é menos invasiva e mais confortável ao paciente. Todavia, ainda não se sabe do alcance de seus resultados em perda de peso.
Um tubo flexível é levado pela boca até o estômago, que é costurado em torno deste para afinar. É indicada para obesos leves.
Cirurgia bariátrica quem pode fazer?
A cirurgia bariátrica normalmente está indicada para pessoas com obesidade alta que não mostraram resultados após longo período de tratamento com dieta, medicamentos e prática de atividade física.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cirurgia é indicada para pacientes com IMC acima de 35 Kg/m². Além disso, que tenham complicações como apneia do sono, hipertensão arterial, diabetes, aumento de gorduras no sangue e problemas articulares.
Ela também é recomendada para pacientes com IMC maior que 40 Kg/m² que não tenham obtido sucesso na perda de peso após dois anos de tratamento clínico.
Por último, esta cirurgia geralmente só é indicada para pessoas com idade entre os 16 e os 65 anos.
Cirurgia bariátrica benefícios
Na maioria dos pacientes, a cirurgia bariátrica, além de levar a uma perda de peso grande, traz benefícios no tratamento de todas as outras doenças relacionadas à obesidade.
Cerca de 10% do peso é eliminado no primeiro mês, com uma perda que varia de 14% a 72% ao longo da vida.
É possível uma melhora importante ou mesmo remissão do diabetes, do controle da pressão arterial, dos lipídeos sanguíneos, dos níveis de ácido úrico e alívio das dores articulares.
Este tipo de cirurgia também está muitas vezes associado a outras vantagens sociais e psicológicas, como diminuição do risco de depressão e aumento da autoestima, da interação social e da mobilidade física.
Cirurgia bariátrica riscos
Os riscos da cirurgia bariátrica estão ligados principalmente à quantidade e gravidade de doenças associadas à obesidade, sendo as principais complicações:
- Embolia pulmonar, entupimento de um vaso sanguíneo do pulmão, causando dor intensa e dificuldade para respirar;
- Sangramento interno no local da operação;
- Fístulas, ou seja, pequenas bolsas que se formam nos pontos internos da região operada;
- Vômitos, diarreia e fezes com sangue.
Normalmente essas complicações surgem ainda durante o período de internamento hospitalar e são resolvidas pela equipe médica.
Contudo, dependendo da gravidade dos sintomas, pode ser necessário fazer uma nova operação para corrigir o problema.
Além disso, é comum que após a cirurgia os pacientes apresentem complicações nutricionais como anemia, deficiência de ácido fólico, cálcio e vitamina B12, podendo ocorrer também desnutrição nos casos mais graves. Queda de cabelo também é uma queixa comum.
O que interfere mais no pós-cirúrgico é o modo como a cirurgia é realizada, que pode ser de duas formas:
- videolaparoscopia: por meio de um pequeno orifício no abdômen;
- aberta: através de um corte de 30 centímetros.
Os cuidados são praticamente os mesmos, mas no caso da cirurgia aberta (mais invasiva), o paciente deve ficar em repouso por mais tempo para que a cicatrização ocorra adequadamente.
Nos primeiros dias, o maior desafio é conciliar nutrição e hidratação adequadas com um estômago que passou a ser muito pequeno. Isso tende a melhorar nos primeiros meses pós-cirurgia.
Em relação à alimentação, os pacientes deverão ser acompanhados por um longo período, com o objetivo de receberem orientações específicas para elaboração de uma dieta adequada.
Por mais que a cirurgia bariátrica seja eficiente na perda de peso, o reganho dos quilos perdidos pode acontecer em 50% dos casos. Dessa forma, o paciente precisa ter a consciência de seguir com acompanhamento médico e psicológico para um resultado permanente.
Qual o peso mínimo para fazer a cirurgia bariátrica?
O peso mínimo para fazer a cirurgia bariátrica segundo a resolução do Conselho Federal de Medicina no. 2131/15 é de 108 quilos para uma pessoa com até 1,75 de altura.
Isso equivale a um Índice de Massa Corpórea (IMC) de 35kg/m2.
A idade recomendada é de 16 a 65 anos, não havendo diferenciação entre homens e mulheres.
Quais são os cuidados antes da cirurgia bariátrica?
Antes da cirurgia o paciente precisa ser avaliado individualmente, devendo ser submetido a uma avaliação clínico-laboratorial.
Essa avaliação prévia, geralmente, inclui:
- Aferição da pressão arterial;
- Medição do IMC e peso;
- Realização de exames clínicos, tais como hemograma, coagulograma, eletrocardiograma, ultrassom do abdome, entre outros;
- Dosagens da glicemia, lipídios e outras dosagens sanguíneas, avaliação das funções hepática, cardíaca e pulmonar;
A endoscopia digestiva e a ecografia abdominal também costumam ser realizadas no pré-operatório.
Para uma cirurgia bem-sucedida o paciente também deve ter alguns cuidados em relação a sua saúde. São eles:
- Evitar ou reduzir o fumo por cerca de 30 dias antes do procedimento;
- Evitar o consumo de café ou álcool nos dias que antecedem a cirurgia;
- Realizar atividades físicas, dentro das suas possibilidades para favorecer o preparo físico, a circulação e facilitem a respiração;
- Manter as dobras da pele e umbigo higienizados para evitar a presença de fungos;
- Evitar a ingestão de alimentos sólidos no dia que precede a intervenção.
Laudo psicológico para cirurgia bariátrica
A avaliação psicológica é fundamental para quem quer fazer a cirurgia bariátrica. É através dela que os especialistas avaliam a presença de transtornos como depressão, ansiedade e compulsão alimentar.
Além disso, ela visa proporcionar ao paciente a compreensão das mudanças de rotina, hábitos e comportamentos necessárias no período pós-operatório, aumentando assim as chances de sucesso na operação.
Em geral, uma equipe multidisciplinar composta por nutricionista, endocrinologista, gastroenterologista e psicólogo faz a avaliação prévia do paciente.
A cirurgia bariátrica não é recomendada para pacientes com transtornos psiquiátricos graves.
Como é feita a cirurgia bariátrica?
A cirurgia bariátrica pode ser feita com o corte normal no abdômen (técnica aberta e invasiva) ou por videolaparoscopia, onde apenas pequenas incisões são feitas durante a operação.
A cirurgia aberta acontece por laparotomia, que é quando abrem a cavidade abdominal, com um corte de 30cm.
Na cirurgia fechada, ou cirurgia laparoscópica, a cavidade abdominal é insuflada com gás carbônico para que se crie espaço.
Assim, o cirurgião consegue realizar o procedimento com auxílio de uma videocamera e de instrumentos e grampeadores especiais.
Além disso, as pequenas incisões exigem menos manipulação dos órgãos intra cavitários, consequentemente, a agressão cirúrgica é menor.
O cirurgião avalia junto com o paciente qual a melhor técnica a ser usada para cada caso, considerando condições clínicas prévias e o resultado desejado.
Cirurgia reparadora pós bariátrica
A cirurgia reparadora pós-bariátrica serve para evitar, amenizar ou corrigir problemas posturais, de pele e outros que derivam da cirurgia de redução de estômago.
É, portanto, uma continuação do tratamento da obesidade, nos casos em que há essa necessidade.
Elas são indicadas para os pacientes que se submeteram à cirurgia bariátrica e, passado algum tempo, apresentam grande sobra de pele.
Em geral, a cirurgia reparadora é feita após a estabilização do peso do paciente.
Pacientes que têm indicação médica para a cirurgia reparadora podem realizar o procedimento pelo plano de saúde ou pelo SUS.
Cirurgia bariátrica valor
O preço para a realização do procedimento varia bastante para cada situação, podendo chegar a R$ 40 mil. Além disso, o paciente precisa realizar uma série de exames antes da cirurgia.
Para quem tem plano de saúde é importante consultar na operadora quais procedimentos estão cobertos pelo plano (inserir link para o texto do rol) para a realização da cirurgia.
Cirurgia bariátrica pelo SUS
O SUS faz a cirurgia de redução de estômago nas redes, gratuitamente. Mas, para ser aprovado no programa é preciso passar por uma triagem, para avaliar a gravidade do nível de obesidade do paciente.
Com a avaliação, o paciente é conduzido a uma fila de espera, que pode levar desde alguns meses a anos, para ser aprovado e ter o agendamento. Mas, uma vez agendada, a cirurgia é feita.
Como fazer cirurgia bariátrica pelo plano de saúde?
A cirurgia bariátrica faz parte do rol de procedimentos ANS e, portanto, os planos de saúde são obrigados a cobrir o procedimento.
A regra é válida para todos os convênios médicos, individuais ou coletivos, que foram contratados após 01 de janeiro de 1999, ou adaptados à Lei nº 9.656/98, que trata dos planos de saúde no país.
Entretanto, o paciente deve estar atento ao tipo de plano que possui.
Os planos hospitalares, com ou sem obstetrícia, e os planos-referência, são os tipos que cobrem a cirurgia, que depende de internação.
Para que a cirurgia possa ser realizada, o paciente precisa solicitar a autorização do plano de saúde, munido de relatório médico com a indicação clínica para o procedimento.
Plano de saúde empresarial tem carência para cirurgia bariátrica?
Os planos empresariais acima de 30 vidas não possuem carência.
Entretanto, se o seu plano é individual, familiar ou empresarial com até 29 vidas, o período de carência para a cirurgia bariátrica é de 24 meses.
Isso porque a obesidade grave entra na classificação da ANS para pessoa portadora de lesão ou doença preexistente, cujo período de carência é de dois anos.
O que fazer quando o plano de saúde nega cirurgia bariátrica?
Em primeiro lugar, é importante entender que a recusa por parte da operadora é considerada abusiva.
O direito à integridade física e à vida, assim como o direito à saúde, é um direito constitucional.
No entanto, mesmo assim, em alguns casos, o plano de saúde pode negar o pedido de autorização, ou solicitar a avaliação por outro profissional, antes da realização da cirurgia.
Nas situações em que ocorre a negativa, o usuário pode recorrer à Justiça.
É direito do paciente exigir a negativa por escrito. Dessa maneira, o não fornecimento deste documento pode gerar uma denúncia à ANS.
Com o relatório médico detalhando a necessidade da cirurgia e com a negativa da operadora por escrito, o usuário deve procurar um advogado que analisará as providências cabíveis.
Plano de saúde cobre cirurgia plástica pós bariátrica?
O plano de saúde é obrigado a cobrir cirurgia plástica pós-bariátrica quando houver indicação clínica para a sua realização. Isso significa que ela não pode ser feita por motivos exclusivamente estéticos.
Por meio de relatório médico detalhando a necessidade da cirurgia de retirada de excesso de pele (decorrente da cirurgia bariátrica), o paciente tem direito à realização do procedimento pelo plano.
Agora que você já sabe tudo o que é necessário para a realização da cirurgia bariátrica, que tal conhecer quais cirurgias de impacto estético são realizadas pela cobertura do plano de saúde.