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Síndrome de Tourette: entenda tudo sobre a desordem neuropsiquiátrica

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A Síndrome de Tourette é um distúrbio neuropsiquiátrico que se caracteriza por múltiplos tiques motores ou vocais. 

Geralmente surge na infância e é caracterizada por tiques involuntários que persistem por mais de um ano. 

A pessoa com Tourette tem muita dificuldade em dominar os tiques. Ela é tomada por uma vontade incontrolável de piscar os olhos, gritar, dar chutes no ar ou realizar inúmeros outros movimentos, ou emitir sons que causam constrangimento e desconforto em meios sociais. 

O sentimento da pessoa com Tourette é semelhante ao de quem tenta ficar sem piscar por vários segundos. Há um sofrimento na tentativa de controlar o movimento seguido por um imenso alívio quando a pessoa finalmente pisca. 

A pessoa com Tourette tem esse sentimento por diversas vezes ao longo do dia ou ainda na mesma hora. 

Os tiques não causam problemas à saúde de quem tem o transtorno, mas têm muitos efeitos sociais. Causam desconforto e constrangimentos que podem se agravar para fobia social, ansiedade e irritabilidade, por exemplo. 

Recentemente, o lutador Cara de Sapato, participante do Big Brother Brasil 23, declarou ter a síndrome.

Como ele, outros famosos também revelaram ser portadores de Tourette, como David Beckham, Dan Aykroyd, Billie Eilish e Brad Cohen. 

Como surgiu a Síndrome de Tourette?

O primeiro relato da doença é de 1825, feito pelo médico francês Jean Itard, que descreveu o quadro da Marquesa de Dampierre. 

Segundo o relato, ela apresentava o quadro mais estereotipado, caracterizado pela emissão de palavras obscenas em público. 

O neurologista Gilles de le Tourette examinou esse e outros casos e, em 1885, sugeriu que tal quadro clínico constitui uma condição específica, diferente de distúrbios neuropsiquiátricos similares. 

Assim foi nomeada a síndrome, que ocorre em 3 a 8 crianças a cada 1000, na proporção de 3 homens para cada 1 mulher. 

Quais as causas da Síndrome de Tourette?

As causas da Síndrome de Tourette ainda são desconhecidas pela ciência, embora estejam relacionadas à hereditariedade comuns a outros transtornos psiquiátricos como Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e transtornos de aprendizagem. 

A Síndrome de Tourette tem cura?

A Síndrome de Tourette tem tratamento e pode ser controlada, embora não tenha cura. 

Os resultados dependem de diagnóstico e tratamento precoces para que a pessoa possa ter qualidade de vida, principalmente no âmbito social. 

Em dezembro de 2021, a Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência, da Câmara dos Deputados, aprovou a proposta de tornar a Síndrome de Tourette uma deficiência

Isso qualifica a pessoa com a síndrome como um portador de deficiência para fins de benefícios e garantias de atenção diferenciada nas escolas, caso ela preencha os demais requisitos previstos no Estatuto da Pessoa com Deficiência, Lei 13.146/2015

O transtorno já está previsto na tabela de classificação internacional de funcionalidade e incapacidade da Organização Mundial da Saúde (OMS)

Quais os sintomas da Síndrome de Tourette?

Em 80% dos casos, os tiques motores são a primeira manifestação da síndrome. 

Eles incluem: piscar; franzir a testa; contrair os músculos da face; balançar a cabeça; contrair em trancos os músculos abdominais ou outros grupos musculares. 

Também incluem movimentos mais complexos, que podem parecer propositais, como tocar ou bater em objetos próximos. 

Em casos mais raros, pessoas com Tourette sentem necessidade de usar termos preconceituosos ou fazer gestos obscenos em público. 

Seguido dos tiques vem a ansiedade e o estresse

Quais os tiques mais comuns do Tourette?

Tiques motores:

  • tocar no nariz
  • piscar os olhos com frequência
  • inclinar a cabeça
  • fazer caretas
  • dar chutes
  • sacudir o pescoço
  • fazer gestos obscenos
  • encolher os ombros
  • bater no peito

Tiques vocais:

  • uivar
  • gemer
  • cuspir
  • gritar
  • xingar
  • soluçar 
  • usar diferentes tons de voz
  • cacarejar
  • repetir frases ou palavras

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da Síndrome de Tourette é essencialmente clínico, feito por neurologista, neuropediatra ou psiquiatra. 

É feito com base nos sintomas e em sua duração e obedece aos seguintes critérios:

  • Tiques motores múltiplos e um ou mais tiques vocais devem manifestar-se durante algum tempo, mas não necessariamente ao mesmo tempo;
  • Os tiques devem ocorrer em salvas (diversas vezes por dia), quase todos os dias ou intermitentemente por um período de pelo menos três meses consecutivos;
  • O quadro deve começar antes dos 18 anos de idade.

Tiques simples: movimentos súbitos, breves e repetitivos que envolvem um número limitado de grupos musculares. Eles são mais comuns do que tiques complexos.

Tiques complexos: padrões distintos e coordenados de movimento envolvendo vários grupos musculares.

Para que a Síndrome de Tourette seja identificada com sucesso, e não confundida com outros distúrbios de tique, as consultas médicas poderão ser periódicas. 

Quando o diagnóstico é feito precocemente, a criança consegue controlar a síndrome mais rapidamente, aproveitar melhor sua infância e ter mais qualidade de vida no futuro. 

O que piora os tiques de uma pessoa com Síndrome de Tourette?

Certas experiências físicas podem desencadear ou piorar os tiques. Por exemplo: colares apertados desencadeiam tiques no pescoço, ouvir outra pessoa cheirar ou limpar a garganta pode desencadear sons semelhantes.

Os tiques geralmente pioram com excitação ou ansiedade e melhoram durante atividades calmas e focadas

Os sintomas não desaparecem durante o sono leve, mas geralmente diminuem significativamente, e desaparecem completamente em sono profundo.

Há tratamento para a Síndrome de Tourette?

Sim, felizmente, a Síndrome de Tourette é bastante tratável. 

O tratamento é baseado em terapia e medicamentos, tanto para adultos quanto para crianças. 

Quem trata a Síndrome de Tourette?

Assim como diversas outras doenças psiquiátricas, a Síndrome de Tourette é diagnosticada e tratada por psiquiatras, neurologistas e psicólogos.

Qual a terapia mais indicada para quem Tourette?

A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) costuma ser muito eficaz no tratamento da Síndrome de Tourette. 

Uma de suas abordagens psicoterapêuticas é a reversão de hábitos, que busca modificar comportamentos, substituindo as condutas causadoras de sofrimento por condutas sadias.  

As técnicas cognitivo-comportamentais ajudam os pacientes com Tourette a controlar seus tiques e reduzir a ansiedade causada pelo adiamento da compulsão. 

O paciente aprende a descrever e a identificar o tique, analisando em quais momentos do dia ele é mais frequente e quais hábitos contribuem para mantê-lo. 

Em seguida, é incentivado a desenvolver um comportamento capaz de concorrer com o tique. 

No caso da Tourette, os pacientes costumam aprender a desfocar da compulsão, modificando o objeto de sua atenção. Esse novo hábito é repetido dezenas de vezes para reforçar o novo padrão comportamental. 

Além da Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) e de medicamentos, atividades como meditação e ioga podem ser úteis para aliviar o estresse.

Esportes em geral também são recomendados aos portadores de Tourette. Seus benefícios são a promoção do relaxamento corporal e a demanda por atenção que a prática acarreta, o que pode tirar o foco dos tiques. 

Quais são os medicamentos indicados para tratar o Tourette?

Medicamentos são recomendados quando o tique passa a interferir na autoimagem e na execução de tarefas diárias. Nesse caso, um psiquiatra deve ser consultado para avaliação e indicação do tratamento.

Para as crianças, os médicos costumam prescrever doses mais baixas para que elas tolerem os tiques ao longo do dia. 

Um medicamento normalmente utilizado é a clonidina, que também ajuda a controlar a ansiedade e sintomas de TDAH, caso acompanhem o transtorno. 

Em casos mais acentuados, podem ser utilizados antipsicóticos para reduzir os sintomas da Síndrome. A dose é igualmente baixa, já que o medicamento não será utilizado para tratar a psicose. 

Outras medicações podem ser utilizadas, dependendo das características do quadro, e apenas o médico poderá fazer a indicação e prescrição. 

Qualquer pessoa que apresente tique tem Síndrome de Tourette?

Não. Tiques podem ser sintomas de outros transtornos, podem aparecer e desaparecer espontaneamente na infância ou início da fase adulta. 

Eles não são graves e, na maioria das vezes, não atrapalham as atividades do dia a dia. 

O diagnóstico de Tourette está relacionado à frequência e tempo de duração dos tiques.

Em caso de dúvidas, é sempre aconselhável consultar um médico especialista. 

Qual a faixa etária mais afetada pela Síndrome de Tourette?

O transtorno costuma aparecer na infância, entre os 4 e os 6 anos. Ele alcança o seu pico de gravidade por volta dos 10 a 12 anos e diminui na adolescência. 

Os tiques apenas persistem até a idade adulta em 1% das pessoas.

Quem tem problemas psiquiátricos têm mais chance de ter a Síndrome de Tourette?

A Síndrome de Tourette pode estar associada a condições psiquiátricas como Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), transtorno de ansiedade e transtorno de aprendizado. 

Logo, entende-se que a criança com esses transtornos podem manifestar a Tourette como “sintoma” de outra condição. 

No entanto, ainda não existe um consenso sobre isso, uma vez que ela também pode ter origem genética ou ser consequência de um desequilíbrio nos impulsos que transmitem informação entre neurônios.

Quais as complicações para quem Tourette?

A principal complicação da Síndrome de Tourette se dá nas interações sociais, bem como na autoconfiança e na autoestima da criança e do adulto.  

Os tiques não causam prejuízos à saúde, mas pessoas com Tourette podem sofrer preconceitos devido aos tiques. 

Quem não entende ou desconhece o problema pode ficar incomodado e essa falta de compreensão pode levar a olhares tortos, risadas e comentários inconvenientes, incluindo exigências para que a pessoa se controle. 

A Síndrome é uma condição que não pode ser controlada sem suporte, portanto a pessoa não poderá simplesmente deixar de ter um tique.

As cobranças podem levar ao agravamento dos sintomas, uma vez que ansiedade e estresse desencadeiam mais tiques, e a problemas mais sérios, como fobia social e depressão. 

Como devo me comportar com alguém que tem Tourette?

Evite repreender a pessoa, seja criança ou adulto. 

Chamar a atenção não a ajudará a controlar os impulsos. Eles provavelmente se tornarão mais frequentes e indesejados. 

Não reaja aos tiques; procure agir normalmente como se não estivessem acontecendo. 

Para não constranger a pessoa com Síndrome de Tourette e evitar o agravamento dos tiques:

  • Não faça comentários maldosos ou debochados nem mesmo de brincadeira;
  • Não demonstre irritação em relação aos tiques; 
  • Não chame a atenção de outras pessoas para os tiques; 
  • Não force a pessoa a enfrentar gatilhos para a Tourette;
  • Demonstre apoio, compreensão e amor.

Está enfrentando essa situação e precisa de estímulo?

O filme O Primeiro da Classe retrata a história do corajoso Brad Cohen, que sofre bullying desde os 7 anos por conta dos sons estranhos e movimentos indesejados que costuma fazer. 

Ao ser diagnosticado com Síndrome de Tourette, o garoto decide enfrentar todas as dificuldades e sofrimentos para realizar seu sonho de se formar na faculdade e se tornar um professor. 

Inspirado em uma história real, o filme traz diversas lições e ensinamentos importantes para todos que convivem com o transtorno. 

O Primeiro da Classe é exibido no Brasil pelo canal Studio Universal e também pode ser encontrado dublado e completo no YouTube

É possível fazer tratamento para Síndrome de Tourette pelo plano de saúde?

Sim. As doenças psiquiátricas são consideradas relevantes para os cuidados com a saúde integral dos indivíduos e todo o atendimento necessário está previsto na Lei 9656/98 que rege os planos de saúde no país. 

Além disso, as doenças psiquiátricas fazem parte do rol de procedimentos ANS e, por essa razão, todos os convênios médicos são obrigados a oferecer cobertura. 

Posso fazer o tratamento pelo SUS?

Sim. O Sistema Único de Saúde (SUS) atende gratuitamente às pessoas que precisam de tratamento para doenças mentais. Tanto os postos de saúde da Atenção Primária quanto os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) oferecem acolhimento e tratamento à pessoa com transtorno psiquiátrico e seus familiares.

 

Saúde mental é essencial para a qualidade de vida de todas as pessoas. Saiba mais sobre esse isso ano artigo COMO CUIDAR DA SAÚDE MENTAL: APRENDA 6 DICAS, COMO ELA FUNCIONA, QUAL A COBERTURA DO PLANO DE SAÚDE E EXPLICAÇÕES CIENTÍFICAS 

 

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