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Vício em cigarro e como parar de fumar: passo a passo completo

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Uma dúvida muito comum é sobre como ocorre o vício em cigarro e o que parece ser mais desafiador: como parar de fumar?

O cigarro é responsável por 5 milhões de mortes no mundo todos os anos. 

É a principal causa de mortes evitáveis em todo o mundo. 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), trata-se de uma pandemia, que precisa ser enfrentada e combatida como tal. Só no Brasil, ela mata cerca de 200 mil pessoas por ano. 

Atualmente, são aproximadamente 1,2 bilhão de fumantes em todo o mundo, sendo que 38 milhões deles vivem no Brasil. 

Considerado uma droga lícita, o cigarro é o causador do tabagismo, doença crônica que causa inúmeros outros problemas de saúde e que leva à morte. 

As crises de abstinência que a ausência do cigarro provoca são muito sofridas, o que dificulta em muito as tentativas dos fumantes de largar o cigarro. 

Abrir mão desse vício, porém, é possível, como vamos mostrar neste artigo que traz diversas informações sobre a ação do cigarro no cérebro, os males que ele causa e seus prejuízos à saúde a curto e longo prazo. 

Surgimento do consumo de tabaco e do cigarro no mundo

O consumo do tabaco, principal ingrediente do cigarro, teve início há pelo menos 10 mil anos antes de Cristo por índios da América Central. No Brasil, relatos apontam que o capelão da primeira expedição francesa para cá observou essa prática entre os tupinambás em 1556. 

O cigarro como o conhecemos começou a ser fabricado em 1840 e, quarenta anos depois, passou a ser produzido em série a partir da criação de uma máquina que permitia enrolar um grande número de cigarros por minuto, popularizando o consumo.

O que é tabagismo?

Tabagismo é o nome dado para a dependência de nicotina. 

O tabagismo consta na Classificação Internacional de Doenças (CID) da OMS como uma doença crônica. 

O tabagismo é determinado por multifatores, que podem ser de ordem hereditária, fisiológica, ambiental e psicológica. 

Como a nicotina age no organismo?

Considerado símbolo de status, um único cigarro contém mais de 4500 substâncias em sua composição. 

Uma delas, a nicotina, interage com receptores neurais que liberam substâncias como dopamina, acetilcolina, serotonina e betaendorfina de uma só vez, proporcionando uma sensação imediata de prazer. 

A nicotina atinge o cérebro em até 20 segundos depois de ser tragada, tempo bem inferior ao do princípio ativo do álcool, da cocaína, do crack e da morfina, fazendo com que o cigarro seja muito mais viciante do que essas drogas. 

Como se dá o vício em cigarro?

A substância presente no cigarro e que causa a dependência é a nicotina. 

Ela interfere na ação cerebral e leva à liberação de substâncias que causam uma sensação de prazer imediato. 

Essa sensação de calma e bem-estar, porém, dura pouco, em torno de 20 minutos no máximo. 

Quando ela passa, o fumante experimenta uma sensação incômoda de abstinência, que o leva a querer outro cigarro logo em seguida. 

Assim se dá o ciclo do vício: o prazer provocado pela nicotina seguido da sensação de abstinência que só é apaziguada por um novo cigarro. 

Qual a faixa etária mais exposta ao vício em cigarro?

Qualquer pessoa pode desenvolver esse vício em qualquer idade, como forma de alívio do estresse e das tensões que vivenciam, para autoafirmação e status social. 

A intensidade da dependência vai depender de diversos fatores, entre eles os genéticos.

Em termos de perfil, adolescentes e jovens são o público mais provável de experimentar o cigarro pois estão mais suscetíveis à influência de amigos, das mídias e da publicidade.

A busca por novas emoções, o questionamento de regras e padrões e a necessidade de identificação com os pares e de aceitação pelo grupo pode levar esses jovens, de ambos os sexos, a desenvolver o hábito de fumar. 

A falta de informação sobre os perigos do cigarro também podem levar os indivíduos a iniciar o consumo mais facilmente. 

Quais os sintomas do vício em cigarro?

Pode-se afirmar que uma pessoa tornou-se dependente do cigarro, mais especificamente da nicotina, quando ela não consegue mais resistir à vontade de fumar. 

São sinais de dependência:

  • Perda de controle sobre a quantidade de cigarros consumidos diariamente;
  • Frustração por não conseguir parar ou reduzir o consumo;
  • Necessidade de aumentar cada vez mais a quantidade de nicotina consumida para obter o efeito provocado por ela;
  • Consumo de mais de 20 cigarros por dia;
  • Interrupção nas atividades sociais e de trabalho em função do vício (a famosa “escapadinha” para fumar);
  • Síndrome de abstinência quando ocorre a diminuição ou suspensão do cigarro por alguma razão. 

Quais os efeitos do cigarro no corpo humano?

A dependência no cigarro causa efeitos psicológicos e físicos de curto prazo como clareza de pensamento, maior atenção e capacidade de concentração, aumento da memória, redução do apetite, diminuição da irritabilidade e relaxamento da musculatura. 

A nicotina desencadeia o aumento da frequência cardíaca e respiratória e da pressão arterial, o que faz com que alguns indivíduos se sintam mais estimulados. 

A médio prazo, o cigarro causa o aparecimento precoce de rugas no rosto e acelera o envelhecimento da pele

Também compromete as cordas vocais, causando rouquidão (chamada “voz de fumante”).

A médio e longo prazo, causa doenças do coração, hemorragias cerebrais, doenças pulmonares e cânceres

Quais os perigos do cigarro?

As substâncias encontradas no cigarro aumentam exponencialmente o risco de desenvolver problemas de saúde como cânceres, doenças coronarianas, má circulação sanguínea, enfisema pulmonar, bronquite crônica, derrames cerebrais, úlceras, osteoporose, impotência e catarata.

São exemplos de substâncias presentes ou produzidas pelo cigarro, além da nicotina: gás carbônico, monóxido de carbono, amônia, benzeno, tolueno, alcatrão, ácido fórmico, ácido acético, chumbo, cádmio, zinco e níquel.  

Há risco também de desenvolver tromboangeíte obliterante, doença de ocorrência única entre fumantes que obstrui as artérias das extremidades e provoca necrose dos tecidos.

E os problemas não terminam por aí. O cigarro também é considerado o maior poluente de ambientes domiciliares e é responsável por:

  • Derrubada de árvores para fabricação de lenha que abastecem as fornalhas para o ressecamento das folhas do fumo;
  • Queimadas em prol do plantio do fumo;
  • Contaminação dos solos devido ao uso de agrotóxicos;
  • Incêndios e queimadas devido ao descarte indevido de bitucas.

Quais as principais doenças causadas pelo cigarro?

  • Diversos tipos de câncer, como câncer de laringe, fígado, estômago, bexiga, pâncreas, entre outros. É importante destacar que 90% dos casos de câncer de pulmão ocorrem em indivíduos que fazem uso de cigarro;
  • Doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral;
  • Doenças pulmonares, como enfisema pulmonar, além do câncer já citado;
  • Doença periodontal e cárie;
  • Distúrbios sexuais.

O que é fumante passivo?

Fumantes passivos são as pessoas que convivem com fumantes ativos e acabam tendo contato com as substâncias que compõem o cigarro mesmo sem tragar.  

Como muitas dessas substâncias são liberadas no ar juntamente com a fumaça, os não- fumantes acabam sendo expostas a elas. 

Quando essa exposição é frequente, essas pessoas são chamadas de fumantes passivos, pois estão também sujeitas aos malefícios causados pelo fumo mesmo sem consumir diretamente o cigarro.  

Fumantes passivos também podem desenvolver doenças provocadas pelo cigarro?

Sim. Fumantes passivos têm cerca de 30% mais chances de desenvolver câncer de pulmão e 25% mais chances de desenvolver doenças cardiovasculares do que pessoas que não são expostas ao cigarro de nenhuma forma. 

Crianças expostas à fumaça do cigarro têm apresentado uma maior prevalência de cárie, asma, tosse, otite média, infecções respiratórias e síndrome de morte súbita infantil. 

Gestantes que são fumantes passivas correm risco de parto prematuro e consequentes complicações com o bebê. 

Que outros problemas o cigarro provoca?

O tabagismo também pode causar transtornos mentais. 

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Psiquiatria, estudos indicam que o contato precoce com a nicotina pode modificar as estruturas cerebrais e deixar os adultos mais propensos a problemas como ansiedade, transtornos de pânico, depressão e pensamentos suicidas. 

Se por um lado há uma crença de que pacientes psiquiátricos fumam mais do que outros fumantes justamente por encontrarem no cigarro uma válvula de escape, por outro acredita-se que o caminho é o oposto: a dependência gera uma predisposição ao surgimento de doenças mentais. 

Quem bebe álcool tem mais risco de desenvolver dependência?

Possivelmente sim. 

A nicotina é uma droga de excreção rápida, ou seja, sua meia vida no organismo é curta: pelo menos metade da dose fumada é eliminada da circulação em duras horas no máximo. 

Por razões genéticas, essa velocidade de excreção varia entre os fumantes e aqueles que eliminam a nicotina mais depressa tendem a fumar mais. 

Grande parte dos consumidores de dois ou três maços diários são pessoas que metabolizam a nicotina mais rapidamente. 

A presença de outras drogas na circulação pode alterar a velocidade de excreção da nicotina. 

O álcool é uma substância em que a nicotina se dissolve com muita facilidade e, como ele é diurético, faz com que o fumante urine mais vezes, excretando na urina a nicotina contida no álcool. 

A queda da concentração da nicotina no sangue desencadeia o desejo irresistível de fumar. 

Assim, se quem consome álcool elimina a nicotina mais rapidamente, pode-se entender que a velocidade das crises de abstinência, que causam a dependência, também aumentará, elevando a probabilidade de que esse indivíduo se torne um dependente.  

Cigarro eletrônico faz mal?

Não. O cigarro eletrônico pode ser tão prejudicial à saúde quanto o convencional.  

Embora não dependa de combustão para seu uso, ele comporta uma solução líquida aerossolizada composta de diferentes produtos químicos. 

Conhecido como e-líquido, ele contém variadas concentrações de nicotina, água, aromatizante, aditivos, glicerina, propilenoglicerol e outras substâncias bastante nocivas à saúde. 

A curto prazo, pode causar evali, sigla em inglês para “doença respiratória associada ao uso de cigarro eletrônico”. É uma doença grave que pode levar à morte.

São sintomas de evali:

  • tosse
  • falta de ar
  • calafrios
  • febre
  • dor torácica
  • perda de peso
  • diarreia
  • vômito
  • náuseas
  • dor abdominal

O uso do cigarro eletrônico está associado também a problemas como:

  • dificuldade para engolir
  • rinite
  • irritação na garganta e nos olhos
  • pneumonia
  • asma
  • lesões na mucosa da boca
  • perda dentária
  • estresse
  • irritação
  • dependência da nicotina

Além disso, há risco de explosão dos dispositivos, que podem causar lesões graves. 

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) alerta que o uso de cigarro eletrônico aumenta em mais de três vezes o risco de experimentação do cigarro convencional e em mais de quatro vezes seu consumo frequente. 

Como parar de fumar?

Para de fumar não é algo simples. 

Como o cigarro causa dependências na maioria das vezes, o indivíduo pode necessitar até mesmo de acompanhamento médico ou psicológico, uma vez que o processo para se livrar do vício pode ser fisicamente doloroso e custoso a nível emocional. 

Para tratar a dependência em nicotina é preciso ensinar o cérebro a funcionar da mesma maneira que ele funcionava antes do contato com a droga. Isso significa enfrentar a abstinência em nicotina, que se manifesta em crises repetitivas, mais intensas, desagradáveis e difíceis de suportar do que as provocadas por drogas como cocaína, maconha ou álcool. 

Segundo o médico Drauzio Varella, os primeiros dias sem fumar são os piores, pois as crises se sucedem uma atrás da outra até atingirem sua frequência e duração máximas.  

Esse processo leva 48 horas, período em que se instala um quadro de irritação, ansiedade, tremores, sudorese fria nas mãos, fome compulsiva, modificação do hábito intestinal, alterações no sono (insônia ou hipersonia), dificuldade de concentração e alternância de episódios de apatia com episódios de agressividade comportamental. 

A frequência e intensidade das crises e sintomas começam a diminuir gradativamente a partir do terceiro dia. O desejo de fumar continua a se manifestar nas semanas seguintes, mas vai embora cada vez mais depressa.  

Em média, são necessários seis meses para que os neurônios comecem a ficar livres da dependência.  O ex-fumante observa que consegue, até mesmo, passar alguns dias sem se lembrar da existência do cigarro. 

Para conseguir se manter longe dele, o indivíduo deve estar sempre vigilante, porque o tabagismo é uma doença crônica e recidivante. Para quem é dependente, uma única tragada pode colocar por água abaixo todo o esforço para se livrar do vício. 

Portanto, se você conseguiu chegar lá, não coloque um cigarro na boca outra vez. 

Existe medicamento para parar de fumar?

Sim, existem medicamentos que ajudam o organismo a se adaptar à ausência de nicotina, mas eles não fazem milagres. O indivíduo ainda terá de passar pelo processo de enfrentamento da abstinência. 

Para fazer uso desses medicamentos, é preciso consultar um médico. 

A dica é procurar o apoio de psicólogos e psiquiatras com experiência em pacientes que estão em processo de largar o cigarro para que contem com suporte e acompanhamento mais especializados. 

Quais os sintomas de uma crise de abstinência?

Quando os neurônios cerebrais se dão conta da ausência de nicotina, sacam sua mais poderosa arma de persuasão comportamental: a ansiedade crescente. 

Sem satisfazer a vontade de fumar, o fumante fica cada vez mais intranquilo, agitado, nervoso e incapaz de se concentrar em outra coisa que não seja o desejo de acender um cigarro. Assim é a crise de abstinência. 

Essas crises se repetem várias vezes ao dia. 

Quando o fumante está em processo de largar o cigarro, precisa desenvolver técnicas para enfrentar a crise e aguentar os sintomas até que eles diminuam de intensidade.

Quando a pessoa não está nesse processo, vive com o maço de cigarros ao seu alcance para lançar mão dele ao primeiro sinal de ansiedade. Afinal, o fumante sabe que os sintomas são crescentes e insuportáveis. 

É assim que o cérebro aprende que ansiedade e nicotina estão ligadas. Daí em diante, todo acontecimento que provocar ansiedade será interpretado por ele como um resultado da falta de nicotina e, portanto, enviará sinais para que um novo cigarro seja aceso. 

É o que causa a falsa ideia de que o cigarro acalma e que sua falta, não. 

 

Dicas para quem quer parar de fumar:

  1. Faça um planejamento estipulando uma data, como se fosse um marco, para iniciar o processo de parar de fumar;
  2. Envolva o maior número possível de pessoas neste projeto, pois ter apoio é essencial;
  3. Converse com sua família, principalmente com as pessoas que moram com você, e tenha certeza de que vocês irão embarcar juntos nesse processo. Lembre-se: você irá enfrentar dias difíceis e passará por momentos de irritação, ansiedade e pouca paciência. A convivência poderá ficar difícil por alguns dias. É preciso que sua família compreenda e encare com você esses desafios;
  4. Evite estar na presença de fumantes;
  5. Pratique atividade física, que ajuda a combater a ansiedade e a controlar o peso;
  6. Mantenha uma alimentação saudável. Consulta um nutricionista, se achar que é caso, para montar um cardápio adequado ao seu momento;
  7. Consulte seu médico de confiança para avaliar que outros recursos você pode lançar mão para ajudar no processo;
  8. Procure um psicólogo e um psiquiatra para avaliar a necessidade de terapia e medicação como suporte; 
  9. Não tenha mais cigarros em casa;
  10. Evite, ao menos por um tempo, situações que costumam aumentar sua vontade de fumar como festas com bebidas, por exemplo.

E se eu não conseguir parar de fumar? 

Se não der certo na primeira tentativa, recomece. Espere um tempo, se for preciso, e tente novamente. 

Revise o que não deu certo da primeira vez e procure refazer o curso ou buscar alternativas. 

Por exemplo: se na primeira vez você não buscou suporte médico, que tal fazer isso na próxima tentativa? 

Não existe receita de bolo para quem deseja parar de fumar; o processo é particular e vai depender muito da força de vontade de cada um. 

Só há uma regra que é igual para todos: não desista!

O que diz a legislação brasileira com relação ao cigarro?

O Brasil possui políticas e regulamentações com relação à distribuição e publicidade do cigarro que visam proteger a sociedade dos perigos do tabagismo. 

Em nosso país, é proibida a propaganda de cigarros em todos os veículos de comunicação e os fabricantes não podem patrocinar eventos culturais ou esportivos. 

Os locais onde é permitido fumar também são regulamentados por lei. 

A proteção de fumantes passivos também é considerada; os Estados do ES, MA, MS, MG, PB, PR, RJ, RS, RR e SP já possuem leis que proíbem o consumo do cigarro em recintos coletivos fechados. Há municípios que também aprovaram leis com a mesma finalidade. 

O Ministério da Saúde brasileiro exige que o verso das embalagens de cigarro tragam ilustrações sobre as consequências negativas do tabagismo, acompanhadas de uma frase de advertência. 

Como o plano de saúde pode auxiliar no processo de parar de fumar?

Os planos de saúde cobrem consultas com psicólogos e psiquiatras, terapias que são consideradas importantes no processo de largar o cigarro. 

Os planos também cobrem exames e demais procedimentos que estejam relacionados com doenças provenientes do tabagismo, que podem vir a ser solicitados pelo seu médico em algum momento. 

Que tipo de apoio o SUS oferece para quem quer parar de fumar?

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atendimento gratuito para quem quer parar de fumar por meio de grupos de apoio ao fumante. 

Informe-se junto à Secretaria de Saúde do seu Estado ou cidade sobre os programas disponíveis onde você mora! 

Além do cigarro, existem outros vícios que matam inúmeras pessoas por ano no mundo todo. Informe-se mais sobre eles no artigo Vícios que mais matam no mundo e previna-se!

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