Gastrosquise é uma malformação congênita na parede abdominal do feto que resulta em uma espécie de orifício, por onde saem as vísceras abdominais como o intestino. Ocorre em torno do umbigo, geralmente à direita do cordão umbilical.
A gastrosquise ganhou destaque recentemente com a divulgação da notícia de que a filha do surfista Pedro Scooby com a modelo Cintia Dicker nasceu com essa condição congênita.
A bebê passou por uma cirurgia imediatamente após seu nascimento e ficou 16 dias no hospital, tendo alta em boas condições de saúde.
Para que a pequena Aurora fosse considerada um caso de sucesso foi necessário o envolvimento de uma equipe multidisciplinar, que acompanhou o quadro desde sua descoberta por meio de um ultrassom na décima segunda semana de gestação.
O acompanhamento pré-natal foi essencial nesse processo, uma vez que o prognóstico é tão melhor quanto mais rápidas forem as intervenções, conforme a gravidade do quadro.
De acordo com dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a gastrosquise acomete de 3 a 4 crianças a cada 10 mil nascidos vivos.
Em torno de 83% dos casos são considerados simples e 17% são classificados como complexos.
Mas o que é exatamente a gastrosquise? Quais são os sintomas, sequelas e chances de cura? As respostas a essas e outras dúvidas sobre essa condição congênita podem ser encontradas neste artigo.
O que é gastrosquise?
A gastrosquise consiste na malformação da parede abdominal do bebê ainda na barriga da mãe, geralmente localizada à direita do cordão umbilical em torno do umbigo.
Os músculos e a própria pele da parede do abdômen não se fecham completamente, formando um orifício por onde passam as vísceras do feto, que ficam para fora da cavidade abdominal.
Essas vísceras são, geralmente, o intestino delgado e grosso, estômago e fígado, que ficam expostos ao líquido amniótico, o que causa uma inflamação.
Qual a causa da gastrosquise?
Não há um consenso sobre as causas da gastrosquise, mas observa-se que os casos são mais comuns em gestantes com menos de 20 anos.
Também são considerados fatores de risco para o desenvolvimento da malformação no feto o uso de aspirina, bebidas alcoólicas ou drogas durante a gravidez.
Qual o tratamento para a gastrosquise?
O tratamento para a gastrosquise é composto de cirurgias e medicamentos.
A conduta médica é definida logo após o nascimento do bebê, quando os médicos também detectam a gravidade do caso.
As intervenções em casos de gastrosquise devem ser rápidas, uma vez que a exposição dos órgãos pode levar a quadros graves de infecções.
Por isso, não é incomum que o bebê seja submetido a uma cirurgia logo na sequência do parto.
Há duas possíveis condutas, que vão depender do grau de dilatação do intestino do recém nascido:
- Cirurgia de um tempo: quando é possível colocar todo o órgão de volta dentro do abdômen da criança com apenas um procedimento cirúrgico.
- Envolvimento do conteúdo exposto em um silo: quando é preciso deixar o órgão que está exposto envolvido por uma bolsa especial até que o inchaço diminua, para que seja realizada uma segunda cirurgia a fim de colocá-lo dentro do abdômen do recém-nascido.
Quais as sequelas da gastrosquise?
De acordo com um estudo da Universidade Federal do Ceará, sequelas comuns na gastrosquise são restrição de crescimento (30 a 60% dos casos), prematuridade (30 a 50% dos casos) e óbito fetal (3 a 6% dos casos).
Gastrosquise é grave?
A gastrosquise pode ser simples ou complexa. Essa definição é baseada na ausência ou presença de atresia, estenose, perfuração, necrose, má-rotação e volvo.
A maior parte dos casos costuma ser simples.
Na gastrosquise complexa, as crianças têm mais complicações gastrointestinais, respiratórias e infecciosas.
Elas costumam ter pior prognóstico, porque podem evoluir para a chamada síndrome do intestino curto, caracterizada pela absorção intestinal deficiente de nutrientes, resultante da perda de parte do intestino delgado.
Com acompanhamento especializado, porém, é possível que o paciente tenha uma rotina normal, vivendo bem mesmo com essa alteração.
Gastrosquise pode matar?
Em casos muito graves ou que apresente complicações severas, pode ocorrer o óbito do bebê.
Como a gastrosquise é diagnosticada?
A gastrosquise pode ser diagnosticada por meio do ultrassom morfológico durante o pré-natal.
Quanto antes ela for diagnosticada, mais rapidamente uma equipe multidisciplinar, que inclui o cirurgião pediátrico, será envolvida no acompanhamento da gestação para definição da conduta logo após o nascimento.
Da mesma forma, os pais terão tempo para se preparar adequadamente para a chegada do bebê.
Por isso, um bom acompanhamento pré-natal é fundamental para o desenvolvimento do bebê e a saúde da gestante.
É possível tratar a gastrosquise ainda no útero materno?
Não existe nenhum procedimento cirúrgico que possa ser feito antes do parto, com o bebê ainda na barriga da mãe.
As intervenções são feitas logo após o nascimento.
É possível prevenir a gastrosquise?
Não é possível prevenir efetivamente essa malformação, mas a manutenção de hábitos saudáveis reduz as chances de que ela aconteça.
A gestante deve evitar o consumo de álcool, cigarros, drogas e medicamentos não recomendados pelo médico que a acompanha.
Ter um plano de saúde adequado pode fazer a diferença caso o bebê precise de cuidados especiais ao nascer ou de uma UTI Neonatal.
Saiba tudo sobre plano de saúde para o recém nascido nesse artigo: PLANO DE SAÚDE RECÉM-NASCIDO: O QUE É, COMO FUNCIONA E QUAL O VALOR