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Transtorno do Processamento Sensorial: o que é, como diagnosticar, quais os tratamentos e muito mais

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Uma condição chamada Transtorno do Processamento Sensorial (TPS) ganhou destaque recentemente após a atriz Giovanna Ewbank revelar que Bless, seu filho com Bruno Gagliasso, foi diagnosticado com o problema. 

Pesquisas sobre sintomas, causas e tratamento aumentaram significativamente e muitas dúvidas surgiram, já que o transtorno ainda é pouco conhecido, embora sua incidência não seja tão baixa. 

O Transtorno do Processamento Sensorial atinge entre 5% e 16% da população em geral e pode ou não estar relacionado a alguma patologia anterior já diagnosticada. 

Em pessoas com diagnósticos específicos como autismo ou Síndrome de Down esse índice fica entre 30% e 80%, de acordo com dados de uma revisão científica feita pelas faculdades de Medicina e Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). 

Embora o TPS esteja associado ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM5) diz que as alterações sensoriais do TPS não são condições exclusivas do autismo.

Neste artigo, reunimos as informações mais relevantes e procuramos responder os principais questionamentos dos pais sobre o que é essa condição, quais suas implicações e como podem ajudar os filhos a conviverem com o TPS.

O que é o Transtorno do Processamento Sensorial (TPS)?

O Transtorno do Processamento Sensorial (TPS) é uma condição neurofisiológica que se caracteriza por uma desordem na forma como o sistema nervoso e o cérebro recebem e processam as informações vindas dos receptores sensoriais. 

Por conta dessa desordem, os estímulos externos e as informações que a pessoa recebe do ambiente são interpretados de forma errônea. 

O TPS costuma aparecer durante o desenvolvimento infantil e tende a ser diagnosticado quando a criança já está na escola. É na fase pré-escolar que os sinais do transtorno começam a chamar mais a atenção de pais e professores. 

O Transtorno do Processamento Sensorial pode afetar um ou mais sentidos (audição, visão, paladar, tato e olfato), fazendo-os serem percebidos para mais (hipersensibilidade) ou para menos (hipossensibilidade). 

Considera-se que há uma hipersensibilidade sensorial quando a criança percebe os estímulos com mais facilidade, ou seja, acha luzes e cores muito brilhantes, sons mais intensos e odores mais fortes, e interpreta as sensações táteis de modo mais profundo. 

Na hipossensibilidade, a criança tem mais dificuldade para perceber o estímulo e precisa de bastante excitação e esforço para conseguir senti-lo. Nesse caso, ela costuma ser mais agitada, morder objetos, responder pouco à dor e fazer bastante barulho, por exemplo. 

Quais os sintomas do Transtorno do Processamento Sensorial?

Quem tem o transtorno sente dificuldade em processar calor, frio, cansaço, fome, luzes e sons e costuma apresentar características de hiperatividade ou distração.

A criança pode reclamar demais da luz, sons, cheiros e da sensação da própria roupa no corpo ou apresentar um comportamento inquieto, pulando e correndo com frequência ou se balançando alto demais. 

São sintomas específicos da hipersensibilidade no TPS:

  • Não ter noção de segurança;
  • Cobrir os olhos ou os ouvidos com frequência ao lidar com luzes ou sons fortes;
  • Ser exigente na hora de comer;
  • Engasgar ou vomitar com certas texturas de comida;
  • Resistir a abraços e toques;
  • Sentir dor com muita facilidade;
  • Sentir que toques leves foram pesados;
  • Dificuldade em focar;
  • Problemas de comportamento.

São sintomas específicos da hipossensibilidade no TPS:

  • Sentir dor raramente;
  • Esbarrar em paredes com frequência;
  • Tocar nas coisas mais do que o normal;
  • Colocar objetos na boca;
  • Esbarrar em pessoas enquanto anda;
  • Não ter noção de espaço pessoal;
  • Ficar balançando ou se mexendo sem parar.

Veja alguns exemplos de situações enfrentadas por quem sofre de Transtorno do Processamento Sensorial:

1. Dificuldade com tarefas de cuidado pessoal

A criança possui verdadeira aversão a situações como corte de unhas e cabelo ou mesmo um banho de banheira. 

Podem ser necessários vários adultos para segurar uma criança que precise passar por alguma dessas situações. 

O comportamento da criança se altera, ficando nervosa, agitada ou até incontrolável quando exposta a essas situações. 

 

2. Seletividade para comer

A criança apresenta uma seletividade peculiar com relação à alimentação, de modo a afetar a rotina da família e sua própria nutrição. É comum que elas queiram, por exemplo, somente comidas crocantes ou que não comam alimentos com texturas diferentes, misturadas como um pão com patê.

Às vezes, a criança tem a tendência de só aceitar alimentos de uma determinada cor, marca ou formato específico.
Outras resistem a certas temperaturas e só aceitam o alimento quente ou frio ou ainda apenas em temperatura ambiente. 

3. Dificuldade em sujar mão e rosto

É comum ouvir relatos de pais que dizem que, se os filhos sujam as mãos de comida, ficam reclamando e chacoalhando até que sejam limpas. 

Essas crianças também podem resistir a aceitar alimentos cremosos ou na forma de purê.

4. Dificuldade para brincar com areia

Crianças com sensibilidade ou defensividade tátil costumam evitar atividades em que substâncias fiquem grudadas às suas mãos. 

Pinturas com dedo e brincadeiras com areia, por exemplo, geram estímulos táteis que são mais difíceis de serem interpretados por crianças com  dificuldade sensorial.

5. Medo ao se movimentar para trás

Este comportamento pode indicar que a criança não entende sua relação com a gravidade. 

Normalmente, a criança apresenta em seu histórico relutância para trocar a fralda, enxaguar o cabelo no banho ou brincar no parque com determinados brinquedos.

6. Medo de tirar o pé do chão

Este é outro comportamento que pode indicar que a criança não está processando adequadamente os estímulos de movimento vestibular, e que não entende a diferença entre estar em um degrau de 10 cm e uma trava olímpica de 120 cm de altura.

7. Dificuldade em permanecer parada

Algumas crianças têm uma dificuldade significativa em realizar atividades sentadas por mais de 1 ou 2 minutos e em permanecer sentadas à mesa no momento da refeição. 

Há também crianças que se distanciam da família com frequência quando em lugares públicos e que sobem/escalam os móveis da casa demasiadamente. 

8. Excesso de movimentos como girar e balançar

Como resultado de um input de processamento vestibular ineficiente, a criança tem uma necessidade extra de se movimentar para tentar modular seu nível de agitação. 

A criança pode girar em círculos, correr no tapete da sala ou dirigir ao redor de algo com brinquedos, como uma motoquinha, por exemplo.

9. Dificuldade com transições e com o sono

As crianças com TPS podem ter problemas com a habilidade de autoregular seu nível de agitação. 

Elas frequentemente têm dificuldade de se acalmar e apresentam acessos de birra ou raiva, têm dificuldade de permanecer adormecidas e de transacionar entre tarefas e atividades, bem como passar por mudanças como de casa ou escola, por exemplo.

O que causa o Transtorno do Processamento Sensorial?

O TPS pode estar associado a diagnósticos específicos como Síndrome de Down, Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ou se manifestar isoladamente.

As causas exatas do TPS isolado ainda não foram identificadas pela ciência, mas os pesquisadores acreditam que o transtorno tem uma  base genética com interferência do meio.

Quais os fatores de risco para o Transtorno do Processamento Sensorial?

Segundo médicos da Sociedade Brasileira de Pediatria, qualquer condição que afete o sistema nervoso central precocemente pode ser um fator de risco para o Transtorno do Processamento Sensorial. 

Essas condições incluem:

  • Traumas cerebrais;
  • Síndromes genéticas;
  • Transtorno do Espectro Autista (TEA);
  • Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH);
  • Síndrome de Down.

Como é feito o diagnóstico de Transtorno do Processamento Sensorial?

O diagnóstico é clínico, feito com base na história dos sintomas no desenvolvimento da criança e em avaliação do médico pediatra e/ou neurologista. 

Não há necessidade de exames complementares, mas podem ser realizados testes específicos em crianças em idade pré-escolar ou escolar, por profissionais especializados, para confirmar o diagnóstico. 

Como se trata o Transtorno do Processamento Sensorial?

O tratamento mais indicado para o TPS é a Terapia Ocupacional (TO), que busca ajudar a criança a organizar as sensações por meio de uma abordagem de integração sensorial. 

Pediatra, psicólogo, fonoaudiólogo e outros profissionais podem ser acionados para complementar o tratamento, uma vez que as crianças com Transtorno do Processamento Sensorial podem possuir déficits em diversos domínios do seu desenvolvimento. 

O Transtorno do Processamento Sensorial tem cura?

O TPS não tem cura, mas com o tempo e a terapia a criança pode ter uma resposta aos estímulos mais próxima de quem os processa de forma ordenada. 

Isso não significa que ela esteja curada, e sim que passou a lidar melhor com a questão.

O TPS isolado pode evoluir para quadros mais graves?

Uma pessoa com Transtorno do Processamento Sensorial isolado pode evoluir para quadros de ansiedade ou depressão por conta do sofrimento que o transtorno pode vir a causar. 

Por isso, não é incomum que psicólogos façam parte do tratamento de crianças com TPS. 

Quando o Transtorno do Processamento Sensorial é identificado e tratado precocemente, essas comorbidades podem ser evitadas. 

Como funciona a Terapia Ocupacional (TO) no tratamento do Transtorno do Processamento Sensorial?

A Terapia Ocupacional busca ajudar o paciente que possui alterações cognitivas, afetivas, perceptivas ou psico-motoras a realizar atividades cotidianas como higiene, alimentação, vestuário, trabalho, estudo, lazer e atividades sociais em geral. 

No caso do Transtorno do Processamento Sensorial, o terapeuta ocupacional irá estimular a parte sensorial, motora e neurológica da criança por meio de brincadeiras e atividades relacionadas, conforme a idade do paciente. 

O tratamento é feito em sessões, realizadas em um consultório como na terapia com psicólogo, por exemplo, ou em casa, caso o profissional atenda a domicilio e seja mais adequado ao paciente. 

É possível fazer terapia ocupacional pelo plano de saúde?

Sim. Conforme mudança aprovada pela ANS em 2022, os planos de saúde são obrigados a cobrir sessões ilimitadas de terapia ocupacional desde que o paciente tenha recomendação médica.

O Transtorno do Processamento Sensorial pode estar presente também no Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade infantil (TDAH). Saiba mais sobre essa desordem em TDAH ou DDA? RESPONDEMOS 7 PERGUNTAS SOBRE O DÉFICIT DE ATENÇÃO INFANTIL  

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